Uma polêmica envolvendo uma conselheira tutelar de Santo Ângelo e um pequeno gaiteiro está repercutindo nas redes sociais, com mensagens em favor do garoto e sua família.
Diz a mãe que o guri de 12 anos estava tocando numa calçada no centro da cidade quando a conselheira teria determinado que ele fosse retirado do local, porque estaria “mendigando”.
É que havia um chapéu, sobre o chão, para que as pessoas fizessem contribuições voluntárias.
"Ela queria arrancar o guri”, afirma Ieda, que decidiu, então, deixar o local com o filho, que chegou a chorar (foto principal).
Casada com um operador de empilhadeira, a mãe diz ser humilde, não indigente.
Lembra ainda diz que o menino é apaixonado por gaita. O primeiro acordeão que ele tinha estragou.
A mãe, então, usou o dinheiro que ganha costurando pra fora e recolhendo latinhas pela cidade para comprar um novo instrumento.
O assunto foi levantado nas redes sociais pelo padrinho do piá, o conciliador judicial e pequeno agricultor Paulo César Oliveira, 30 anos.
Ele diz que o afilhado gosta de “apresentar” para o público.
“Ele tem um dom, desde crianças ele sempre gostou de ver o avô tocando, e nós incentivamos ele a fazer aula de gaita”, conta o padrinho.
O coordenador do Conselho Tutelar de Santo Ângelo nega que sua colega, conselheira, tenha determinado a saída do garoto da rua e que tenha havido qualquer situação de constrangimento.
Teria ocorrido apenas uma orientação para cuidados com o sol, para que o menino não ficasse muito tempo com a gaita, considerada pesada, e para que a mãe não solicitasse valores ao público.
Jonatã Ferreira disse que a inspeção foi motivada por denúncias da população, de que estaria havendo cobranças de contribuições de quem assistia às apresentações, o que é negado pela mãe.
O caso, afirma o conselheiro, será encaminhado à Promotoria de Justiça.
Artistas ligados a cultura gaúcha se mobilizam para auxiliar o pequeno gaiteiro.
Procurado pelo Repórter Farroupilha, o Grupo Rodeio, vencedor do Prêmio da Música Brasileira, se ofereceu para animar um show na cidade.
Régis Marques, gaiteiro e diretor do grupo, diz que se identifica com o garoto.
“Eu comecei a tocar baile com sete anos de idade. E a minha mãe não brigou apenas por mim, mas pelo Guilherme (seu filho) também. E eu acredito que a mãe desse menino também acredita no trabalho dele. E uma mãe quando está precisando, não sai para roubar. Sai para mostrar o carinho, o talento, uma forma de se expressar musicalmente e interagir com as pessoas”, afirma Régis.
Fonte: G1/RS - Veja a matéria original Conselho tutelar investiga apresentação de menino gaiteiro em calçada