Nos dias chuvosos e gelados, desperta em nós o instinto humano: o anseio pelo calor — não só o da lareira ou do fogão a lenha, mas, principalmente, o calor de quem amamos.
A sopa quente aquece o estômago, o olhar afetuoso de nossos entes queridos aquece o coração. Lá fora, o tempo se fecha, torna-se mais difícil ir trabalhar. Contamos os minutos para o sofá, a mantinha e a companhia da família. As viagens e os passeios ficam adiados, e a festa acontece em casa.
Uma pequena parcela dos humanos divide o útero ao nascer. A maioria chega ao mundo sozinha — ou quase. Embora nasçamos separados, estamos ligados desde o princípio: pelo cordão, pela vida, pelo instinto de buscar o outro.
Somos seres que precisam dos outros, que necessitam do calor humano. Mas isso não nos torna totalmente dependentes — é preciso trilhar nosso próprio verão, florescer na primavera, amadurecer e se arrepender no outono, e, no inverno, lembrar o caminho de casa: voltar para quem realmente importa.
No fundo, o frio lá fora só reforça o que já sabemos: que o verdadeiro calor está nas pequenas coisas — um abraço apertado, um sorriso sincero, a presença daqueles que fazem a nossa vida valer a pena.
Jane Siebem
Graduanda de música, compositora e escritora.
O inverno é o instinto de voltar