Tudo o que escrevo é totalmente empírico.
Parece fabuloso — e é.
Quando vemos alguém fazendo tudo com intensidade, no fundo é isso que todos querem:
Que, ao se dispor a realizar algo, a pessoa se entregue por inteiro, com tudo o que tem.
Mas tem sempre uma plateia.

Uma plateia a contemplar o derramamento da tua intensidade.
E isso, muitas vezes, gera acomodação.
Cria uma expectativa cômoda em quem observa, como se já soubesse que você fará tudo — sempre.
Como se tua entrega viesse com garantia.

Mas há um momento…
Um instante em que não haverá auditório algum pra te ver.
Ninguém pra sentir contigo.
Ninguém pra dividir o cansaço que te consome por dentro.
O desgaste físico e emocional vai te corroendo — e o vigor vai se esvaindo, silenciosamente.
E tudo aquilo que você construiu… nem o teu nome levou.

E tuas frustrações viram rotina.Porque ninguém consegue fazer como você faz — e sabe por quê?
Porque você não permite.
Você segura o mundo nas costas e, sem querer, impede que outros levem ao menos um pedaço.

Mas a verdade é que ninguém nasceu pra corresponder às expectativas de ninguém.
A intensidade com que você enxerga as coisas te faz esperar demais…
Esperar aquilo que não se encontra nos outros.

Todos podem caminhar com suas próprias pernas.
Ver algo mal feito é menos prejudicial do que tentar abraçar o mundo inteiro.
Porque, no fim, tentar carregar tudo sozinha pode te fazer se perder…
Em ruínas de desencantos internos.

Por fim, somos diferentes.
Chamamos atenção pelo desempenho, pela entrega exagerada.
Mas… que tal investir em nós mesmos?
Em algo que leve o nosso nome?
Algo que nos deixe exaustos — mas por felicidade.

Todos ao teu redor têm apenas uma vida.
Assim como você.
E, enquanto você se desgasta por todos, os outros vivem.
E no final…
Você perde vida, saúde, vigor.
E nada — absolutamente nada — pode te devolver isso.

Jane Siebem 

Graduanda de música, compositora e escritora.