O ijuiense Luciano Francisco Poll, atualmente residindo no interior do município de Bozano, emitiu nota de repúdio a atendimento recebido nesta terça-feira (28), no Posto Central da SMS de Ijuí.
A pedido
Na tarde do dia 28 de novembro 2017, quando me encontrava em Ijuí, fui levado pela minha vizinha e acompanhado pela minha filha Luana Saicoski Poll, para atendimento no Posto de Saúde Central de Ijuí, pois estava passando mal, com vômito, diarreia e fortes dores no peito.
Ao chegar ao SUS fui encaminhado para a triagem onde foram verificados os sinais vitais, que estavam dentro dos padrões.
Eu estava em uma cadeira de rodas e não conseguia falar direito, pois acredito que acabei associando além dos sintomas físicos que já apresentava o começo de uma crise nervosa.
Fui encaminhado para a enfermaria onde aumentou a dor no peito e então com o auxílio do médico consegui subir na maca onde acabei assumindo uma posição fetal (encolhido).
Saliento que eu não conseguia enxergar e falar corretamente, mas minha audição e consciência permaneceram muito boas.
Pareceu-me que eu estava cercado por várias pessoas que falavam desordenadamente e chegavam quase a gritar comigo para que eu deitasse corretamente.
Aos poucos fui me ajeitando e no momento que colocaram o gel em meu peito para prender os eletrodos para fazer o eletrocardiograma parecia que haviam enfiado uma faca em minha pele.
Não faço ideia do porque de tanta sensibilidade na região. Comecei a me sentir puxado uma vez que acabei me encolhendo novamente na cama e ouvi muitas reclamações das enfermeiras.
Diziam que se eu não ajudasse elas não fariam os exames, uma inclusive disse que se negava a atender alguém assim.
Ao ouvir isso eu fiquei mais tenso, sentindo todo o corpo contraído (sensação que já conhecia – explicarei mais tarde).
Acabei por vomitar novamente então ouvi de uma enfermeira “além de não deixar fazer o exame, era só o que me faltava!” Então, mesmo com o corpo todo contraído e dentes serrados eu disse; “se não quer me atender então saia... doutor me atenda direito, eu não estou bem, me atenda direito”.
Neste instante creio que era o médico disse; “se tu não te comportar vou chamar a polícia, vou fazer um BO”.
Então, com os dentes serrados eu disse; “então chame logo, chame a polícia agora, mas me atenda direito”.
Virei novamente e comecei a vomitar, notei que as enfermeiras se afastaram e reclamavam bastante, mas já não entendia o que estavam falando, apenas entendi que não queriam encostar em mim e então ouvi uma falar; “não vou chegar perto, por mim que caia”.
Então, alguém do outro lado, que acho ser o médico ou minha filha segurou o meu braço e aos poucos foi me ajeitando na cama.
A partir daí só lembro depois que fui levado para outra enfermaria e uma enfermeira falava mais calmamente comigo sobre os remédios que estava ministrando.
Mais afastadas um pouco da cama eu podia ouvir outras enfermeiras conversando sobre o que me pareceu a indignação sobre meu comportamento.
Lembro-me de ter ouvido que a medicação me faria dormir, e lembro também de acordar várias vezes ouvindo falatório e gargalhadas das enfermeiras, pois o local onde elas ficam é central em relação a disposição das enfermarias e ambulatórios.
Lembro de ter comentado com minha filha que parecia estar acontecendo uma festa ali.
Mais tarde acordei novamente e já havia trocado o turno, então um médico novo veio me atender com calma e educação.
Uma professora de enfermagem se identificou para mim e me falou algo sobre a medicação. Creio que a partir daí minha esposa já estava comigo.
Dai então fui devidamente atendido, medicado e tratado com respeito. Ouvia-se ainda, do balcão, a conversa das enfermeiras, mas com voz moderada. O médico me liberou e passou algumas orientações para minha esposa. Então levantei, fui ao banheiro e daí para a farmácia Panvel e para casa.
A grande questão de minha indignação e revolta é a falta de humanidade percebida durante o atendimento inicial, apesar das dores, da diarreia, do vómito, das contrações involuntárias do corpo, da visão embasada, da respiração ofegante e de não conseguir falar direito eu estava ouvindo e sentindo tudo ao meu redor, pois estava bem lúcido e consciente.
Podem me perguntar: mas se estava lúcido, porque não respondia ao que me perguntavam? A resposta é que o corpo não reagia a minha mente.
Pareceu que as enfermeiras estavam com nojo de encostar-se a mim e que eu era o culpado por estar ali. Fui ameaçado e tratado com indiferença.
Senti-me humilhado, pois estava numa situação de necessidade e justamente as pessoas que deveriam me ajudar estavam demonstrando desinteresse e descaso.
Farei agora um breve histórico do meu caso: desde sábado eu estava com azia, dor de cabeça e uns calafrios pelo corpo. Domingo foi tranquilo. Na noite de segunda para terça eu estava com um pouco de diarreia e dor de cabeça.
Na terça pela manhã acordei com dor de cabeça e uma leve ânsia de vomito, após o almoço fui para a casa que estou reformando no centro de Ijuí e o “mal estar” foi aumentando.
Minha esposa saiu e fiquei sozinho. O vomito e a diarreia aumentaram as dores na barriga também.
Em determinado momento eu passei a sentir apenas uma forte dor no peito e o vomito e diarreia continuava.
Consegui chamar minha filha pelo telefone. Ela me deu um omeprazol e um remédio para o vômito, mas era só engolir um pouco de água que o vômito surgia.
Saliento que em Bozano o atendimento é somente em horário de expediente, e de qualquer forma todas as emergências são encaminhadas para o Posto Central de Ijuí.
Luciano Francisco Poll