A subseção da OAB de Balneário Camboriú (SC), que fez parte da negociação para libertar o ijuiense Jonatan Moisés Diniz, 31, na Venezuela, declarou que repudia a declaração do ativista de que ele teria premeditado a captura.
A revelação foi feita por Diniz em um vídeo, exibido em entrevista coletiva dos membros da ONG que ele idealizava, a Time to Change the Earth (Tempo de Mudar a Terra, em inglês), na sede da subseção nesta quarta-feira (10).
Em nota nesta quinta-feira (11), a Comissão de Direitos Humanos classificou a atitude dele como "egoísta, vaidosa, irresponsável, desnecessária e desrespeitosa" com as pessoas que colaboraram para sua soltura.
"Pessoas que compõem os corpos diplomáticos dos dois países, OAB em todas as suas esferas, imprensa, ONGs sérias, dedicadas à preservação dos direitos humanos, e principalmente os profissionais que prestam serviços ao governo venezuelano, que colocaram em risco sua credibilidade e seus negócios com aquele país, tudo com vistas a trazer Jonathan de volta para casa, em segurança."
Os membros da ordem consideraram "inadmissível que alguém, seja quem for, propositalmente aja no sentido de agravar uma crise diplomática já existente, sem levar em consideração as consequências de seu ato".
"Não acreditamos que de uma mentira seja possível nascer algo capaz de fazer o bem às pessoas, e mais que isso, não acreditamos que alguém que seja capaz de tamanha irresponsabilidade, tenha condições de cuidar de quem quer que seja."
A Comissão de Direitos Humanos pede investigação para apurar a responsabilidade do ativista e de pessoas que o tenham ajudado e desculpou-se com os brasileiros e venezuelanos que se envolveram na negociação.
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Bomba
A mensagem de Diniz foi divulgada depois da exposição das pessoas que se juntaram a ele para formar a entidade e após eles responderem às perguntas da imprensa. A reação deles e dos membros da OAB foi de incredulidade.
Nenhum deles disse ter conhecimento do conteúdo da mensagem do brasileiro preso. Antes de começar a reunião, integrantes da ONG disseram que o brasileiro preso tinha uma bomba, mas não revelaram do que se tratava.
A Folha apurou que a gravação foi enviada no momento das perguntas aos jornalistas. O ativista estava conectado em um aplicativo de mensagens durante toda a entrevista, o que possibilitaria que ele fizesse uma videoconferência.
Gaúcho de Ijuí, Diniz mora em Los Angeles desde maio de 2016, depois que percorreu as Américas em uma viagem de mochila. Durante sua turnê pela região, ficou seis dias na Venezuela, em seu primeiro contato com o país.
Ele se mudou para Caracas em maio de 2017, dias depois de o líder venezuelano, Nicolás Maduro, convocar a Assembleia Constituinte, que acentuou os protestos da oposição, e foi embora em agosto, pouco tempo após a Casa ser instalada.
O retorno ao país foi no início de dezembro. Segundo ele, a intenção era entregar brinquedos e comida a crianças. Ele foi preso em 26 de dezembro e libertado no dia 7, após negociações entre o Itamaraty e o regime chavista.
Fonte: Folha de S.Paulo – Veja a publicação Original AQUI