(Imagem meramente ilustrativa)
Falar sobre crises ou ataques de pânico tem sido cada vez mais comum entre as pessoas, o que é positivo e pode ajudar cada vez mais gente a buscar ajuda e se livrar do problema. A psiquiatra Denise Gobo, médica voluntária no Protoc (Programa Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo) do IPq HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria de Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), afirma que a maior parte da população terá uma crise de pânico em algum momento da vida, independentemente de ter ou não uma doença psiquiátrica.
Pessoas com distúrbios psíquicos dentro dos transtornos de ansiedade, como ansiedade generalizada ou síndrome do pânico, estão mais propensas a terem crises de pânico, assim como quem sofre com enxaquecas, que é uma doença neurológica, ou nos casos de alterações da tireoide, como no hipotireoidismo (em que a glândula passa a fabricar menos hormônios) ou no hipertireoidismo (quando hormônios são fabricados em excesso).
Conversamos com especialistas para saber como ajudar alguém durante um ataque de pânico, confira:
1. Respiraçã o concentrada Como a pessoa está em um momento de desespero, é natural que ela fique com a respiração curta, gerando uma hiperventilação, isto é, o pulmão recebe mais ar do que o necessário, prejudicando as trocas gasosas de oxigênio e gás carbônico. Então, em casos de crises, oriente a pessoa a fazer uma respiração quadrada, ou seja, inspira, segura o ar, expira e aguarda para respirar novamente, contando de 1 a 4 em cada etapa. Concentrar-se na respiração é uma maneira de tirar o foco da crise.
2. Questione sobre medicamentos Pode ser que a pessoa nunca tenha tido uma crise ou pode ser que ela já faça algum tratamento para síndrome do pânico ou algum outro transtorno psiquiátrico. Perguntar a ela se é a primeira vez ou se toma alguma medicação, pode ser muito útil. Talvez a pessoa esteja com o medicamento, mas no momento da crise, não se lembre. Geralmente psiquiatras receitam para pacientes em tratamento de doenças que possam gerar crises de pânico, ansiolíticos a base de Benzodiazepina, que, segundo Gobo, funcionam como um balde de água fria em uma fogueira: o efeito é quase que imediato. Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein explica, porém, que esses medicamentos podem causar dependência e por isso devem ser utilizados somente em situações pontuais.
3. Mude o foco Crises de pânico duram entre 15 e 30 minutos e quanto mais a pessoa tirar o foco da crise e dos sintomas que está sentindo, mais rápido a crise tende a acabar. Você pode chamar a atenção para objetos do lugar onde está, pedir para que a pessoa descreva o ambiente em voz alta ou até mesmo pedir para ela preste atenção na sua voz, no que você fala
4. Acolha e converse positivamente Lidar com alguém que está tendo um ataque de pânico requer muita calma e paciência. Ouvir com atenção, falar de forma calma e tranquila e sem desprezar o que o indivíduo está sentindo, é fundamental, afinal a pessoa, além de estar com medo, pode estar achando que vai morrer a qualquer momento. Falar que a crise irá passar logo, assim como as outras crises, caso ela já tenha tido outras antes e falar mensagens positivas, sempre respeitando o que a pessoa está sentindo, também pode ajudar.
5. Oriente a busca por ajuda médica Caso seja a primeira vez que a pessoa esteja tendo uma crise, é indicado que ela seja encaminhada para auxílio médico imediatamente. É possível também que, mesmo com crises eventuais ou constantes, a pessoa não esteja fazendo algum tratamento médico para descobrir o que pode estar gerando as crises. Nestes casos, orientar a ida ao médico é fundamental, já que nem toda crise de pânico está relacionada com doenças psíquicas.
Como identificar uma crise de pânico?
Os especialistas afirmam que é fácil identificar quando alguém está sofrendo uma crise de pânico. Por ser uma experiência desagradável onde a pessoa sente uma sensação de medo muito intenso, pensando que vai morrer a qualquer momento, vários sintomas físicos e mentais acontecem. "A pessoa ficando mais encolhida e apreensiva ou então muito inquieta ou agitada porque está muito amedrontada com toda essa vivência estressora que está tendo", esclarece Kanomata. Por ser uma crise intensa, com início muito rápido e crescente, deixa a pessoa tão assustada que acaba sendo visível para as pessoas que estão próximas.
Entenda mais sobre o problema
Síndrome ou transtorno do pânico é uma doença e uma de suas características é a existência de crises de pânico. Kanomata explica que as crises são episódios, ataques que a pessoa pode ter repentinamente e que podem ter vários sintomas. O médico ressalta que é importante esclarecer que crises de pânico são bem diferentes da síndrome do pânico. Qualquer pessoa está sujeita a sofrer um ataque de pânico em algum momento da vida, mesmo sem ter qualquer transtorno psicológico.
O psiquiatra esclarece que quando a pessoa que presenciou ou vivenciou uma situação de estresse muito forte e a mente desta pessoa tem dificuldades de conseguir lidar e assimilar todas essas informações estressoras, pode ser que de uma forma isolada a pessoa possa ter uma crise de ansiedade. Essas situações podem ser desde o luto de uma pessoa muito querida até momentos de violência, como quem acabou de sofrer um assalto ou um sequestro ou alguma outra grande carga de estresse.
Sintomas
Geralmente pessoas com ataques de pânico têm alguns ou todos, destes sintomas:
- Medo muito intenso de que algo ruim pode acontecer;
- Sensação iminente de morte;
- Taquicardia (batimentos cardíacos acelerados);
- Sudorese (suor intenso);
- Sensação de mal estar ou uma sensação de que a pessoa vai perder o controle sobre si;
- Falta de ar;
- Sensação subjetiva de sufocamento por conta dessa falta de ar;
- Tremores nas mãos;
- Sensação de formigamento, de tontura ou de vertigem.
Gatilhos para crises de pânico
Segundo Kanomata, crises de pânico estão associadas experiências traumáticas ou estressantes, mas a ciência ainda não descobriu como surgem as crises. "Estudos de neuroimagens associam áreas específicas do cérebro que estão alteradas, se comparadas com pessoas que não sofrem de síndrome do pânico", explica o médico, que complementa que nesses estudos não existem conclusões do porquê e como se justificam essas alterações e quais são os mecanismos que levariam a gerar uma crise de pânico.
Diego Garcia
Colaboração para o Viva Bem
Artigo originalmente publicado no @vivabem |acesso AQUI