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“Cabeça” de grupo criminoso de furto e desvio milionário de cargas de grãos é preso em Ijuí

Operação policial “Graneleiro” foi desencadeada nesta quarta (2) em vários municípios do RS e de SC. Em Ijuí foi preso no bairro Lambari Maurício Luciano Bartz, 47 anos, que teve a preventiva deferida pela Justiça.

Matéria Publicada em: 02/12/2020
Cumprimentos de mandados judiciais. Foto: Divulgação/PC.

Operação de órgãos de segurança pública foi desencadeada na manhã quarta-feira (2) contra o furto/desvio de cargas de grãos em vários municípios da região de Ijuí. A investigação é oriunda da Polícia Civil (PC) de São Luiz Gonzaga.

Mandados judiciais foram cumpridos simultaneamente em nove cidades do RS e em três de SC. Foram executados 26 mandados de prisão preventiva, 28 de busca e apreensão residencial, 30 de apreensão de caminhões e carros utilizados/adquiridos pelo grupo criminoso, além de outras ordens judiciais.

Nas diligências foi capturado no bairro Lambari, em Ijuí, um dos ‘cabeças’ do grupo criminoso, identificado como Maurício Luciano Bartz, de 47 anos, que teve a preventiva deferida pela Justiça. Com ele a Polícia apreendeu uma caminhonete. Na investigação, Bartz e outros dois indivíduos são apontados como comandantes do bando composto por cerca de 30 pessoas.

A atuação empresarial do grupo criminoso tinha posições definidas; chefia, intermediários de fretes, recrutamento de motoristas, compra e manutenção de caminhões e ‘laranjas’, que segundo a PC, serviam para o registro de caminhões, imóveis, empresas fantasmas e demais investimentos da renda obtida com os crimes.

Até o momento, a Polícia levantou que em cinco anos de atuação do grupo o prejuízo supera a casa do bilhão de reais, suportado, principalmente por empresas dor ramo de seguros de cargas.

Os ‘cabeças’ da organização são dos municípios de Ijuí e Cruz Alta. Dois já haviam sido presos em operação policial do mês de junho deste ano, em Cruz Alta.

Como agiam

Os chefes do empreendimento criminoso, usando de empresas de fachada e pessoas físicas “laranjas”, conseguiam notas de frete (documento que autoriza a retirada de cargas nas empresas) e contratavam motorista com “nome limpo”, a quem entregavam a tal nota de frete e um caminhão, que também registravam previamente em nome de “laranjas” (muitas vezes usavam caminhões “clonados”).

Depois, o motorista retirava a carga e saía da empresa em direção ao destino, conforme registrado na nota de frete. Em dado ponto do trajeto, os chefes do esquema, que invariavelmente acompanhavam de perto o caminhão, em veículo também registrado em nome de ‘laranjas’, indicavam onde o motorista deveria deixar a carreta carregada – empresa de guincho em Cruz Alta/RS. Nesse amplo pátio é que as carretas carregadas com grãos eram desengatadas do “cavalinho” (caminhão-trator) que “puxou” a carreta, e eram acopladas a outro “cavalinho”. O dono do guincho era quem geralmente trocava as placas da carreta (colocava placas clonadas, de outra carreta) e a carga então era levada ao novo destino, para um novo comprador.

Os chefes do esquema também emitiam notas para “esquentar” as cargas, ou seja, documentos que mascaravam a origem criminosa do produto desviado.

O dono do guincho ainda usava as próprias notas fiscais de produtor rural - pois mantém propriedade rural em Cruz Alta/RS – e conseguia facilmente emitir notas de produtor ou documentos similares, como se a carga tivesse sido por ele produzida.

A organização criminosa preferia sempre cargas com destinos distantes, pois nos dias em que a carga supostamente estaria na estrada (uma carga de arroz que era levada a São Paulo, por exemplo, demorava em torno de três a cinco dias para chegar), a organização criminosa conseguia desviar, com o mesmo motorista, outras três ou quatro cargas em empresas diferentes, sendo que o valor de cada carga desviada girava em torno de 60 a 100 mil reais.

O grupo criminoso planejava desviar, nesses últimos meses do ano, cerca de 30 cargas de grãos, um prejuízo evitado que pode ser calculado em aproximadamente três milhões de reais.

notas em seu nome para “esquentar” as cargas de grãos desviadas.

A participação de Maurício Bartz de Ijuí

O mecânico de máquinas pesadas de profissão, sendo que também trabalhava como vendedor de veículos usados, em especial caminhões e carretas. Via de regra, era o responsável por adquirir caminhões e carretas para o grupo criminoso, possuindo diversos contatos no RS e fora dele para essa atividade. Era ele quem também providenciava no conserto de caminhões, carretas e lonas (atividades mais de cunho braçal). Mostrava-se hábil na negociação de veículos e também exercia a tarefa de recrutar motoristas para atuarem nos furtos/desvios de cargas.

Twitter | Repórter Abel Oliveira

Imagens/fotos e vídeos: Abel Oliveira / Cópias não autorizadas - Lei nº 9.610/98.

Seiko DDD